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i want no power

21 caixas de cartão, tipografia s/ papel | tipografia s/  penso higiénico, impressão digital s/ papel vegetal, vidro, fita-cola, esponja, caixa de cartão, saco de plástico

21 card boxes, typography on light cardboard | typography on sanitary napkin, digital print on tracing paper, glass, adhesive tape, sponge, paper box, plastic bag

“(...) Sexo é poder. Identidade é poder. Na cultura ocidental não há relações que não sejam de exploração. (...)”

“(...) Sex is power. Identity is power. In western culture, there are no non exploitative relationships.”

Camille Paglia

 

Em determinadas relações, por vezes, é costume proferirem-se palavras como: “És minha/meu namorada/a, tens que satisfazer as minhas necessidades.”; “Não prestas”; “Não vales nada!”; “Prova que me mereces.”; entre outras. Atitudes que revelam claras tentativas de exercer poder, sem respeito pela liberdade e pela forma de estar e ser da/o outra/o. Comportamentos destes são comuns não só em relações amorosas mas também em relações sociais. O ser humano tem uma sede natural de poder.

I want no power procura a utopia. Desprover-se de qualquer tipo de poder. Propondo, apenas, a hipótese de aceitar todos os seres humanos sejam eles como forem. Tratou-se deste tema no feminino. Por haver mais casos de subjugação neste género. Por me ser mais próximo. Por ser mulher e, realidade seja dita, também por possuir uma caixa cheia de pensos higiénicos inutilizados — pelo formato anormalmente diminuto — aos quais quis dar novo significado. Mais uma questão que remeteu para a feminilidade, portanto.

Desta feita, foram convidadas várias mulheres a serem fotografadas em sessões individuais. Mulheres de várias gerações, solteiras, casadas, divorciadas, grávidas, mães e avós. Assistentes sociais, actrizes, artistas, arqueólogas, arquitectas, bibliotecárias, educadoras de infância, empregadas de balcão, engenheiras, designers, donas de casa,  enfermeiras, médicas, mulheres-a-dias, professoras secundárias e universitárias e pescadoras. A maioria no activo, algumas desempregadas e outras já aposentadas. Umas mais alegres e descontraídas, outras mais reservadas. Todas mulheres, na sua simplicidade e complexidade. Sem preocupações com imagens ou comportamentos sociais, pretendendo transportar meramente a sua essência e ser tão somente iguais a si próprias.

Resultaram 21 caixas de joalharia transformadas em pequenos objectos visuais que contêm as imagens fotográficas realizadas e os diminutos pensos higiénicos.


Andrea Inocêncio, 2014

 

 

 

 

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