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super-artista incógnita

Performance com a colaboração de Andreia Barão (acordeão, PT)

Performance with the collaboration of Andreia Barão (accordion, PT)
 
​​​No Performance Land? Ou o território movediço da arte da performance
Pegando nas super-heroínas de banda-desenhada, universo hegemonicamente masculino mas que, aqui, se parodia como imanente da mulher que, afinal, trabalha, faz as tarefas domésticas e ainda educa os filhos, ou cuida dos afazeres familiares, percebemos o título, ‘à prova de fogo e de bala’. Num elevador assistimos à incorporação da persona que se equipa juntamente com a sua fiel amiga, quem vai improvisar a banda sonora da performance tocando acordeão, criando uma ambiência nostálgica, ‘glamourosa’, irónica.

Saída do seu habitáculo secreto, a super-heroína que ninguém conhece inspecciona no público a sua vítima e desafia um homem anónimo para um combate de fitas, ou ainda outro para a dança de uma mazurca, seduzindo-o com a sua feminilidade, ou voando para outros cantos da cidade, ironizando esse universo romântico do super-herói, de uma solidão inerente. São estereótipos culturais femininos com que a performer trabalha, mas também de origem coimbrã, em que a capa que voa é a da batina, como se o folclore estudantil necessitasse de salvação no seu genético machismo e entorpecimento intelectual. Talvez não por muito tempo, porque essa super heroína anda por aí.

Como se não bastasse, cruza-se a crítica à artista capaz de se emancipar enquanto super-artista incógnita. Voam papéis pela audiência. Debruço-me para apanhar um e sai-me: Frida Kahlo (1907-1954) México – Pintora. “They are so damn ‘intelectual’ and rotten that I can’t stand them anymore… I [would] rather sit on the floor in the market of Toluca and sell tortillas, than have anything to do with those ‘artistic’ bitches of Paris.”

Ricardo Seiça Salgado (Antropólogo/Performer), 2011

(publicado em > http://www.ruadebaixo.com/no-performance-land.html)​

 

 

 

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